Finalizado o ciclo de orientações, alguns assistidos dão retorno sobre o que tem mudado na vida deles a partir da intervenção do núcleo – Alfredo Maia/ SupCom ALE-RR
O Centro Reflexivo Reconstruir, serviço da Secretaria Especial da Mulher (PEM) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), iniciou uma nova turma às segundas-feiras com autores de violência doméstica e familiar encaminhados pela Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas (Vepema) do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR). Ao todo, são 80 homens atendidos.
Criado em 2016, o projeto busca reeducar comportamentos ligados à masculinidade hegemônica e ao machismo estrutural, conforme explicou o diretor e psicólogo do centro, Jadiel Ribeiro, na abertura da reunião com a nova turma de dez homens.
“Estamos aqui para desconstruir para se reconstruir. Evoluir é atualizar-se no que diz respeito a ideias ou convicções que carregamos dentro de nós. A evolução nos ajuda a mudarmos tudo aquilo que nos prende ou nos puxa para trás, nos paralisa ou, pior, faz com que vivamos em retrocesso”, destacou o psicólogo.
Ribeiro também abordou o tema do transtorno explosivo intermitente (TEI), conhecido como síndrome de Hulk. O distúrbio, que gera comportamentos agressivos com acessos de raiva descontrolada e agressões desmedidas motivadas por situações corriqueiras, pode ser agravado por diversos fatores, incluindo genética, traumas na infância e uso de substâncias psicoativas.
“São comportamentos agressivos que geralmente são estimulados por fatores externos. A pessoa com esse transtorno de impulso costuma ter não apenas a saúde mental afetada, mas principalmente a sua vida social”, acrescentou Ribeiro, durante o encontro que durou em média uma hora.
Encontro multidisciplinar
O advogado do Reconstruir, Josimar Batista, explica que o programa oferece 48 encontros ao longo do ano, realizados sempre às terças-feiras, pela manhã e à tarde, e agora também às segundas-feiras. O número de reuniões a que cada participante comparece é determinado pelo tribunal.
“Já desenvolvemos um trabalho de longa data e, agora, iniciamos um novo grupo em parceria com o Tribunal de Justiça. De acordo com a gravidade da violência doméstica praticada, os participantes podem permanecer conosco por 4, 6 ou 12 meses, sendo 48 encontros o limite máximo”, esclareceu Batista.
Cada encontro aborda uma temática específica, como transtornos de personalidade, tipos de violência, paternidade, uso de álcool e drogas, e aspectos legais. As atividades são divididas em três grandes áreas: psicologia, direito e assistência social.
“Elaboramos um conteúdo que segue uma sequência lógica: psicologia, direito e, por fim, serviço social. Acreditamos que iniciar pela psicologia é fundamental, pois recebemos o indivíduo em sua totalidade. Dessa forma, damos ênfase à mudança de comportamento e à questão psicológica, ajudando-o a compreender seu comportamento violento no contexto do casamento ou da vida a dois”, complementou o advogado.
O centro também recebe homens de forma voluntária, ou seja, que procuram o serviço por iniciativa própria, sem encaminhamento judicial. Interessados em participar do grupo podem se dirigir à sede da Secretaria Especial da Mulher, localizada na Avenida Santos Dumont, 1470, bairro Aparecida, em Boa Vista.
Informações sobre as reuniões também podem ser obtidas pelo WhatsApp (95) 98402-0502 ou pelo e-mail centroreflexivoreconstruir@
Texto: Suellen Gurgel
Fotos: Alfredo Maia
SupCom ALE-RR